Hoje eu acordei pensando na vida. Acordei com saudades. Acordei, mas parece que ainda estou dormindo.
Muita gente pergunta para mim e aqui no blog como é morar fora do Brasil. Não sei responder. Adoro a Suíça e hoje aqui é meu país. Mas morar aqui não tem nada de glamuroso, como algumas pessoas pensam. É um país como outro qualquer, com suas vantagens e desvantagens. Para algumas pessoas pode ser “o lugar”. Para mim é somente “um lugar”. Um lugar lindo, que no momento é meu lar.
Não escrevo isso como crítica não. Mas em abril desse ano completei dez anos de Suíça. Dez anos morando aqui, pode? E parece que ainda ontem eu fiz as malas para vir para cá. Aprendi muitas coisas nesses anos todos, inclusive alemão ;), mas minha maior lição é que o mais importante não é o lugar, e sim as pessoas ao nosso redor e nossas experiências.
Quando olho o filminho da minha vida vejo que sou saudosista mesmo. Minha saudades começa bem lá atrás, na minha infância. Sinto saudades de assistir ao Bozo na sala da casa da minha avó. Saudades da minha avó e dos abraços dela. Saudades do meu avô. Revivo isso cada vez que meus pais abraçam meus filhos. Sinto saudades dos meus pais me pegando no colo, de chorar e ter para quem correr. Saudades dos meus tios, primos, padrinhos…
Sinto saudades de brincar como se não existisse nada mais importante no mundo naquele momento. Por que é tão difícil estar realmente presente hoje em dia? Parecia tão fácil quando eu era criança. Sinto saudades da escola, de chamar as professoras de tia, dos amiguinhos. Sinto saudades da alegria de aprender a tabuada.
Sinto saudades de não achar nenhuma borracha e meus pais me ensinarem a apagar a lição de casa com miolo de pão. Saudades de comer pão e não engordar e de olhar para meu corpo sem ficar procurando a próxima celulite.
Sinto saudades da juventude, de beber além da conta, roubar a chave do carro do avô e bater na saída da garagem. Saudades de ficar horas me arrumando para sair com as amigas, saudades das muitas paixonites infundadas que tive e dos meus inúmeros amores platônicos. Sinto muita saudades dos meus amigos-irmãos. E até de algumas inimizades.
Sinto saudades da primeira vez que vi o meu marido. Que homem lindo. Saudades do nosso primeiro encontro. E do segundo. E do terceiro. Saudades dos muitos planos que fizemos juntos e do gostinho de ir realizando um após o outro.
Sinto saudades de passar mal uma semana toda achando que era intoxicação alimentar até descobrir que a sementinha da Isabella já estava plantada. Saudades da primeira vez que ela se mexeu na minha barriga e achei que era gases. Saudades da bolsa estourando e de ouvir o chorinho dela pela primeira vez.
Senti tanta saudades de tudo isso que quis bis e depois de dois anos anos lá estava eu fazendo cinco testes de gravidez, por cinco dias consecutivos, até que um mostrou que o Fabrício estava a caminho.
Agora são 9h e já sinto saudades do abraço que ele me deu hoje de manhã antes de sairmos de casa, quando veio correndo e sorrindo, exibindo seus oito dentes, e se jogou nos meus braços.
Sou assim mesmo. Sinto saudades de tudo e de todos. Saudades do que já passou e se bobear até saudades antecipada do que está por vir.
Mas não é uma saudades triste, sabem? É uma saudades gostosa. Está conectada com a certeza de que muitas coisas boas estão por vir. Sempre.
Recentemente fui em um chá de bebê de uma amiga querida. Mais uma barrigudinha por aqui. Foi lindo e vamos publicar em breve as fotos da decoração para vocês verem. Lá, quando estávamos todas rindo muito na mesa, e falando palavras de carinho para ela em uma roda de benção que fizemos, é que vi que não interessa o país. O que interessa são as pessoas que temos ao nosso redor. O que interessa mesmo é nossa família e a imensa família que construímos ao longo da vida. Isso vamos levar para sempre dentro dos nossos corações.
Beijo com carinho,
Grazi
Adorei !!!!