Na minha casa eu estou com uma dificuldade imensa de limitar o tempo que minha filha passa na frente da televisão. Até os dois anos de idade ela praticamente não assistia TV (nem nós). O tempo foi passando e fui liberando alguns desenhos, mas sempre tentando limitar o tempo. Os 20 minutos iniciais foram aumentando gradualmente para 30, 40, 50… até que chegamos aos filmes no final de semana. Um filme inteirinho! Mas final de semana é especial, não?
Agora ela quer assistir a um filme todos os dias. O que eu faço? Tenho percebido que essa situação é muito difícil de mudar, pois não é só ela quem ficou “viciada”. Enquanto parece que ela não consegue mais viver sem TV, eu pareço não conseguir mais viver sem o “tempinho livre” que ganho enquanto ela é abduzida pela telinha.
Nossa, que mami horrível eu sou, não? Tenho amigas (poucas, mas tenho) que nem TV têm…
Bem, de acordo com o site Pediatria em Foco, a maioria dos pediatras no Brasil desaconselha a exposição à TV nos primeiros 6 meses de idade. Dos 6 meses aos 2 anos é permitido programas adequados, por até uma hora por dia, dividida em três períodos de 20 minutos cada. A associação médica americana, por sua vez, recomenda que não se assista nada de televisão até os dois anos e a partir daí, aconselham no máximo duas horas por dia.
Estava lendo mais sobre o assunto e achei inúmeros dados sobre diversas pesquisas. O site guiainfantil.com, por exemplo, publicou um artigo interessante onde escreve que segundo os “resultados apresentados na revista médica Pediatrics, as crianças que assistem menos de duas horas à televisão por dia na infância não aumentam seu risco de sofrer transtornos de atenção na adolescência. Mas a partir da terceira hora, o risco aumenta cerca de 44% por cada hora adicional que se passa cada dia diante da TV”. Assustador, né?
A maioria dos estudos e textos, porém, parecem concordar que a TV nos dois primeiros anos de vida é especialmente prejudicial. Essa é a fase em que a criança está desenvolvendo intensivamente suas capacidades cerebrais, e o uso excessivo da televisão, por ser uma atividade passiva e ao mesmo tempo estimulante, pode acarretar problemas como sedentarismo/obesidade, déficit de atenção permanente e redução da interação social.
Meus pais nunca controlaram as horas em que eu passei na frente na televisão. E eu passei muitas. Inclusive pegava no sono no sofá, assistindo à novela das 8 e era levada para minha cama pelo meu pai. Não sei analizar as consequências desse “mal hábito”, mas quando tive filhos resolvi implementar algumas mudanças. Na minha casa, por exemplo, trocamos o braço do sofá pela mesa e comemos sentados e com a televisão desligada . Inclusive, na maior parte do dia substituímos a TV por música e vivemos com o rádio ligado.
Não estou dizendo o que é melhor ou pior. Só resolvi fazer diferente. Mas as mudanças de hábito não foram e ainda são muito difíceis para mim, pois siginificam abrir mão do meu conforto. Ao invés de deixar minha filha pegar no sono no sofá preciso ficar com ela pelo menos meia hora no quarto contando historinhas! Isso depois de um dia inteiro de trabalho, cozinhar e organizar o apartamento.
Acho que esse exemplo explica tudo, não? Acredito que no fundo todos sabemos que TV em excesso e em idade tão precoce não faz muito bem para nossas crianças. Mas ficamos na esperança de acharmos estudos que justifiquem as nossas escolhas e diminuam nossa sensação de culpa. Pois não basta propor atividades interessantes como jogos, livros, quebra-cabeças, pintura, desenho, brincadeiras etc. É preciso participar também. E onde arrumamos energia? E o que fazemos com nosso cansaço e nossa irritação? Sem falar que adeus “tempinho livre”… e essa perda dói… hehehehe