Você mora na região de Basel? Então contate o CIGA-Brasil!
Grupos, associações e serviços de apoio

Você mora na região de Basel? Então contate o CIGA-Brasil!

25 mar 2015

CigaQuando eu pensei em escrever uma série de posts sobre as associações brasileiras aqui na Suíça nem me passou pela cabeça começar de outra forma que não fosse falando sobre o CIGA-Brasil.

Me mudei para a Suíça em 2005 e morei na região de Basel durante os primeiros anos. Meu encontro com o CIGA foi inesquecível. Não pude me envolver tanto quanto gostaria, pois na época estava me preparando para ingressar no mercado de trabalho, mas me apaixonei pela “causa” logo de cara. Mesmo em doses homeopáticas o CIGA deixou uma marca imensa na minha vida e ganhou meu coração. Foi por causa do meu breve envolvimento com a associação e do contato que tive com a Irene Zwetsch que eu me apaixonei logo de cara pelo trabalho voluntário.

Irene é coordenadora e cara do CIGA-Brasil, criado em 1997. Não sei onde ela consegue tanta energia para se envolver em tantos projetos em paralelo, mas quando crescer quero ser como ela ;). Jornalista de mente e coração abertos, ela recebe os brasileiros recém-chegados em Basel com muito carinho e atenção. Fiquei super feliz e grata quando ela aceitou de primeira o convite do mamisabroad para um bate-papo. Muito obrigada, Irene!!

Fotos da Festa Junina do CIGA-Brasil em 2005

Fotos da Festa Junina do CIGA-Brasil em 2005 – e eu estava lá, acredita??? Como o tempo passa!

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Segue nossa pequena entrevista, para que vocês conheçam um pouco mais dessa associação que acolhe e apoia os brasileiros com tanta dedicação.

MA: Querida Irene, conta pra gente um pouquinho da sua história e o que te trouxe até a Suíça.
Irene: Gaúcha de origem, cresci em Joinville (SC) e lá cursei letras Português/Inglês. Morei por último em Curitiba, onde cursei Jornalismo. Em 1994 passei um ano na Europa, fazendo meu mestrado em Jornalismo Europeu. Em 1995 emigrei para Luxemburgo, para ficar perto do meu namorado, hoje meu marido, Rubens Zischler. Ficamos lá até 1998, quando nos mudamos para a Suíça, trazendo na bagagem o pequeno Tobias, de três meses. Novata no país, tendo de aprender o alemão e mãe de um menino de três meses numa época em que praticamente não haviam creches e havia muito preconceito em relação às mães que queriam trabalhar fora ao invés de cuidar dos filhos, tinha de fazer alguma coisa para “passar o tempo”. Foi quando encontrei o CIGA-Brasil e me engagei totalmente. Foi minha tábua de salvação J! Imaginem que cheguei na Suíça no dia 10 de maio e no dia 30 de maio já participei do I Encontro de Mulheres Brasileiras na Suíça. Foi lá que conheci a Angela e me envolvi com o CIGA.

MA: Quando e como o CIGA foi criado e com qual finalidade?
Irene: O CIGA foi criado oficialmente em 1997, por iniciativa da ginecologista Angela Nyffenegger-Santos, que retornou ao Brasil em 2002. Ela trabalhava na Casa das Mulheres e atendia muitas mulheres brasileiras que estavam em situação difícil e não tinham informações sobre como funcionava a Suíça. Daí surgiu a ideia de criar uma organização que pudesse apoiar essas mulheres. Junto com 9 amigas ela fundou o CIGA-Brasil. Depois de uma noite de apresentação da associação e numa colaboração com o Hotel Steinenschanze, de Basel, foi iniciado um Ponto de Encontro semanal, às quartas-feiras. Realizado nas dependências do hotel, o Ponto de Encontro era basicamente frequentado por mulheres com crianças pequenas. Além do bate-papo informal, às vezes discutíamos também alguns temas específicos. Depois começamos com as Noites de Cinema, a Festa Junina e o CIGA-Informando, nosso informativo, que hoje se transformou na revista Linha Direta, num trabalho conjunto com o CEBRAC (Zurique), no âmbito do trabalho do Conselho Brasileiro na Suíça. Ao longo dos anos realizamos também muitas palestras, workshops, Festa das Crianças e Bazar de Natal.

MA: Vocês não têm uma sede fixa, correto? Como funciona todo o trabalho de vocês? Quantas/Quais são as pessoas envolvidas na associação?
Irene: O CIGA é, por assim dizer, uma „associação virtual”. Como não temos uma sede física, tudo funciona por E-Mail, telefone e mais recentemente via Facebook. O endereço postal e o telefone são aqui de casa. Na hora de realizar os eventos ou de organizar alguma coisa, uma equipe entra em ação. Hoje posso dizer que somos umas 10 pessoas ativamente envolvidas de alguma forma na associação. Depois de um período com poucas atividades, neste ano estamos querendo reativar a associação. Estamos com alguns planos de trabalho conjunto. Como ainda não tem nada definido, prefiro não dar detalhes. Assim que se concretizar, vocês vão saber pelo Facebook.

MA: O site do CIGA-Brasil tem muitas informações valiosas para os brasileiros, assim como a revista Linha Direta. Como é feita a produção da revista?
Irene: O site do CIGA também vai passar em breve por uma atualização, pois muita coisa mudou e ainda não tivemos tempo de fazer as correções. Esse é um dos problemas do trabalho voluntário: encontrar pessoas engajadas e com tempo para realizar as atividades. A Linha Direta é uma produção a muitas mãos, que trabalham de forma voluntária para que a revista chegue nas mãos do leitor. A revista nasceu do “casamento” do CIGA-Informando com a “Revista do CEBRAC”, em setembro de 2012. Ela é editada pelo Conselho Brasileiro na Suíça (CBS) e é a coordenação do CBS que define os temas e organiza as edições. Eu sou responsável pela parte editorial e a Nilce Cunha, do CEBRAC, pela parte de anúncios. Além dos membros da coordenação do Conselho, temos vários colaboradores que enviam textos ou assinam colunas, uma pequena equipe de captação de anúncios e uma grafista profissional, a única que é remunerada.
Como a revista é distribuída gratuitamente em locais onde os brasileiros circulam, lutamos sempre com a questão do financiamento. Os membros do CEBRAC e do CIGA-Brasil recebem a revista por correio e isso também implica em custo extra. Para que a revista continue a informar os brasileiros na Suíça precisamos do apoio de todos e, principalmente, de anúncios J! Se vocês puderem dar uma força, agradecemos.

MA: Como você vê o perfil dos imigrantes desde a época em que você chegou à Suíça até hoje em dia? Mudou muita coisa?
Irene: Acredito que esse perfil mudou bastante. Quando cheguei aqui a maioria (tipo 85%) da população brasileira na Suíça era feminina. Hoje existe uma distribuição mais equilibrada, algo como 60% (mulheres) a 40% (homens). O perfil também mudou em relação à motivação para imigrar. Se no passado o casamento ou os contratos de curta duração (visto temporário para artistas, por exemplo) eram o principal motivo, hoje se vê muitos estudantes, funcionários de multinacionais ou grandes empresas, pequenos e médios empresários e um grande número de brasileiros que desfrutam da vantagem de ter a dupla nacionalidade: de algum país europeu e do Brasil. Isso modifica as áreas de interesse da comunidade e seu perfil de comportamento. Também as redes sociais contribuem muito para essa mudança. O acesso à informação é muito mais fácil e direto do que há 15 anos e com isso a comunidade pode se integrar, ou pelo menos se orientar no país com mais facilidade.

MA: Na sua opinião quais são os maiores desafios que as pessoas enfrentam quando chegam à Suíça?
Irene: O maior desafio continua sendo o aprendizado do idioma local, que é um fator determinante para a integração no país e para o acesso a tudo o que oferecido em termos sociais, educacionais e mesmo ao mercado de trabalho. Um segundo ponto é o confronto com a diferença cultural. É preciso um determinado período de adaptação para começar a entender a mentalidade e forma de agir no país. Daí vem a questão do “estar aqui e estar lá”. Enquanto a pessoa não assume que está aqui, vai continuar vivendo como que num mundo paralelo, sem estar realmente nem num lugar, nem noutro. É óbvio que a gente tem saudade, mas ela não deve nos impedir de viver o aqui e agora.

MA: O que você sugere que os recém-chegados façam para se adaptarem e se integrarem mais rapidamente?
Irene: Aprender o idioma e procurar se informar sobre como funciona a sociedade e as instituições suíças. O contato com uma associação ou grupo brasileiro pode ajudar a enfrentar as primeiras dificuldades e receber informações e dicas para poder se adaptar melhor ao país.

MA: Você também é mamãe de dois “filhotes”, que já estão bem grandinhos. Como vê a maternidade aqui na Suíça?
Irene: Acho que existe uma grande diferença entre o que era quando meus filhos eram pequenos (o mais velho está hoje com 17 e o mais novo com 15) e como é agora. Na época era muito difícil conciliar maternidade e trabalho. As mães que queriam trabalhar não eram bem vistas. Só para ter uma ideia, ainda não havia licença maternidade e mesmo o horário dos Jardins de infância e da escola primária, pelo menos aqui na região, era bem irregular. Num dias as crianças tinham aula das 10 às 12h, no outro, das 09 às 11h. Assim era difícil poder trabalhar né? Lembro que quando introduzir o horário em bloco, das 8h00 às 12h na escola primária e das 08h30 às 12h no Jardim de Infância, foi um auê. Depois, quando começaram com a escola integral (nossa cidade foi a pioneira na região), foi outro escândalo. Hoje isso tudo mudou e as mães podem exercer suas profissões e deixar as crianças em instituições competentes.
É preciso dizer que a maternidade – o “ser mãe” – é muito valorizado. Existe uma série de programas voltados para a maternidade, para a orientação das mães, especialmente as mais jovens, orientação e apoio na preparação para o parto, serviços de aconselhamento e defesa para mulheres. Enfim, acho que a maternidade tem um apoio muito grande.

MA: O CIGA ainda oferece o Cantinho das Crianças?
Irene: Não. O Cantinho das Crianças foi um projeto que desenvolvemos entre 2002 e 2004, em Basel. Depois desse período alguns fatores levaram ao fim do projeto. Por uma lado, perdemos o acesso ao local que podíamos utilizar gratuitamente e que era ótimo. Por outro, houve um “vácuo” no número de crianças pequenas. É interessante observar como acontecem “ondas” de nascimento de criança. De repente tem um monte de crianças pequenas e depois passa um período praticamente sem nascimentos. Essa instabilidade também compromete a vida de um projeto a médio e longo prazo.

MA: Você fala de Basel sempre com bastante carinho. O que acha que a cidade tem a oferecer à famílias com crianças pequenas?
Irene: Basel está investindo cada vez mais nas famílias com crianças pequenas. Além da ampliação do número de creches e infantários, existem vários projetos de orientação e entretenimento. Nas férias, por exemplo, são organizadas colônias de férias para crianças de diversas idades. Existe também o “Ferienpass”, com uma série de programações. A cidade tem muitos parquinhos, alguns locais fechados para as crianças brincarem no inverno, escola de circo, escola de música, biblioteca infanto-juvenil com livros e material audiovisual em dezenas de línguas, museus, enfim, programa não falta.

MA: Para terminar: eu sempre sugiro às pessoas que se mudam para cá que procurem associações onde possam pegar informações, fazer amizades e mesmo oferecer seu trabalho de forma voluntária, pois isso funcionou super bem para mim. O que você diria às pessoas que moram na região de Basel e queiram se engajar mais com as atividades do CIGA e com a comunidade brasileira? Como eles podem contribuir?
Irene: O melhor é fazer contato conosco ou com outros grupos que atuam na região, para ver a área de interesse e de que forma as pessoas podem se engajar. Eu sempre avalio o trabalho do CIGA como “ponte” entre quem procura e quem oferece. Um dos nossos lemas é “se a gente não sabe, pode indicar quem sabe”. Acredito que é essa disposição de dividir a informação com os outros que faz com que o CIGA, o CEBRAC, o Conselho Brasileiro na Suíça e os diversos grupos brasileiros que atuam no país continuem realizando suas atividades.
Muito obrigada Grazi pela oportunidade e pelo carinho com o CIGA!

Nós é que agradecemos, Irene!! :))
Quem quiser conhecer mais sobre o CIGA pode acessar o site www.cigabrasil.ch

Com carinho, Grazi
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5 comentários
  1. Nico Quental
    18 ago 2018

    Entrevista riquíssima! Após me independentizar linguisticamente (a partir do nível B1) foi que de fato me senti integrado socioculturalmente à Suíça, e essa é uma dica importantíssima da entrevista, a integração linguística permite todas as outras. Parabéns pelo site, superagregador!

  2. Carlos Fernandes
    03 set 2022

    Olá gostaria de fazer parte do grupo

  3. Carlos Fernandes
    03 set 2022

    Olá gostaria de fazer parte do grupo obrigado

  4. Josie Quele de Freitas
    01 nov 2022

    Gostaria de fazer contato com o CIGA

  5. Anne Kaufmann
    20 mar 2023

    Olà, sou Brasileiro/suiça e gostaria de divulgation meu trabalho em gerenciamento de stress junto a ocmunidade brasileira na Suiça.