Ainda bem que não moro mais aqui em São Paulo, pois estou começando a achar que nunca ganharia dinheiro suficiente para ter alguns dos acessórios essenciais de uma mamãe “moderna”: personal trainer, iPhone e tablet de última geração, Louis Vuitton e, claro, babás!
Mas não basta ter uma babá. Ela precisa estar vestida de branco e constantemente carregar a bolsa da criança. Precisa também nunca sentir fome, pois sempre vai comer fora dos horários da família e em alguns restaurantes simplesmente vai ficar somente olhando. Não é brincadeira não, vi com meus próprios olhos!
Não acho que seja essencial que um dos pais pare de trabalhar para ficar em casa com as crianças, por isso sou super a favor de babás, escolinhas e afins. Mas o que tenho achado engraçado é uma categoria peculiar de pais que parecem precisar de toda uma equipe de apoio para cuidar de seus filhos inclusive nos finais de semana. Terceirização em tempo integral.
Levei minha filha ao teatro no domingo para um programinha especial tipo mãe e filha e, para minha surpresa, me deparei com várias babás levando as crianças para assistir à peça. Fiquei me sentindo injustiçada, sabe? Afinal tive que carregar minha própria bolsa, dar a mão para minha filha, levá-la ao banheiro, dar risada e segurar o pacote de pipoca no teatro. Tudo isso sozinha! Um horror!
Nas minhas andanças por aí estou achando curioso como as famílias estão voltando a ser grandes. Mas hoje em dia, ao invés de pai, mães e várias crianças as famílias parecem ser compostas por pai, mãe, dois filhos e duas babás.
Durante a semana tenho me deparado com um tipo bem especial de mamães frequentando os parques da cidade. Elas não trabalham e os filhos vão para a escolinha meio-período e ficam com a babá a outra metade do dia. Essas mamães então aparecem no parquinho, normalmente vestidas com roupa cara de academia, para espiarem seus filhos. Tenho a impressão que estão aproveitando a pausa entre o treino com personal e a sessão de drenagem linfática para observarem os filhos brincando com as respectivas babás. Espiar apenas? Não, desculpa. Participar! Afinal, elas não ficam somente sentadas no banquinho com o iPhone na mão observando a criança brincando com a babá. Elas ficam sentadas no banquinho com o iPhone na mão dando”instruções” para as babás no estilo “Fulana, pega aquele baldinho ali (esticando o indicador), pois é o preferido do Vinícius.”
Mas isso é totalmente compreensível, não? Afinal precisam mostrar quem é a mãe “de verdade”, já que provavelmente apenas a roupa branca da babá ainda pode deixar dúvidas sobre quem é quem na pirâmide social.
Mas eu andei pensando bastante sobre o assunto. Quanto mais mães assim melhor para economia, não? Não somente as babás se beneficiam com uma maior oferta de empregos, mas as clínicas de estética também aumentam seu faturamento. Afinal, já imaginou quanto dinheiro deixaria de ser gasto com mesoterapia e carboxiterapia se essas mamães levantassem suas nádegas do banquinho e fossem fazer agachamento na areia para pegar os baldinhos dos seus próprios filhos? Péssimo para a indústria da beleza!
Beijos
Grazi